sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O desporto e o sucesso escolar


Devem os pais incentivar a prática desportiva pelos seus filhos ou reprimi-la, dando mais tempo para os estudos, "já que o Francês e a Matemática não andam nada bem"? Poderá a prática de um desporto contribuir para o sucesso académico? Como?

Existe um leque muito variado de desportos, desde os coletivos aos individuais. Quando um jovem escolhe uma atividade e se envolve nela, está a desenvolver interesses pessoais, que podem contribuir largamente para que nunca venham a surgir comportamentos desviantes, como o consumo de drogas. A prática de qualquer desporto implica a existência de sentido de responsabilidade pelo cumprimento dos compromissos assumidos, nomeadamente a assiduidade e a pontualidade aos treinos.

Pressupõe também o estabelecimento de metas pessoais (entrar para a equipa principal, melhorar os tempos, aperfeiçoar um salto, por exemplo) e a tentativa de as alcançar. Esta implica persistência e trabalho continuado. Se transferirmos estas competências para o domínio académico, podemos ver que o seu desenvolvimento nesta área acarreta uma maior eficácia no estudo, fazendo prever um maior sucesso académico.

Qualquer desporto coletivo implica também o desenvolvimento de competências de relacionamento social e de trabalho em grupo. O que acontece quando o colega ou o adversário é insultado ou agredido? Não há que tornar uma equipa rentável, não obstante os afetos? Como se faz isso a não ser desenvolvendo a disciplina, a tolerância, a aceitação da diferença, o espírito de colaboração e de entreajuda, a participação num esforço coletivo para se atingir um objetivo comum?

E quanto aos desportos individuais? Para além das vantagens comuns a qualquer desporto, cada um desenvolve competências específicas e pode mesmo ajudar a resolver determinadas problemas. O karaté e o judo, por exemplo, favorecem o desenvolvimento do autocontrolo. Por isso podem contribuir para resolução de problemas de agressividade ou de falta de autoconfiança. A natação quase não precisa de ver as suas virtudes defendidas. Que o diga quem cai à água e não sabe nadar! Exige uma grande coordenação de movimentos e ensina a controlar a respiração. Contribui para o relaxamento.

A prática regular de desporto é um hábito a adquirir desde a infância. Se ele só for procurado quando o colesterol e o excesso de peso o pedem, custará muito mais a adquiri-lo. O stress acumulado na agitação do dia a dia encontrará também aí um poderoso antídoto. Por isso, pais, investir na prática do desporto pelos vossos filhos é apostar no desenvolvimento de competências que os auxiliarão na vida académica e é contribuir para uma melhor saúde física e mental, a curto e a longo prazo. Mas, cuidado, não os façam morrer da cura! Não será preciso praticarem todas as modalidades!

In: O desporto e o sucesso escolar . In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-09-14].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$o-desporto-e-o-sucesso-escolar>.

Deixar de fumar engorda?


Cada vez há mais pessoas que decidem deixar de fumar, quer por motivos de saúde quer porque é cada vez mais difícil fumar devido às condicionantes legais.

Independentemente dos motivos que estão por detrás dessa opção, certo é que habitualmente se vai sofrer um ligeiro ou significativo aumento de peso que pode ir de 3 kg a 12 kg. Embora não seja agradável engordar, a verdade é que o aumento de peso é reversível enquanto que as lesões pulmonares não o são (pode-se perder peso, mas não os pulmões...). Por isso, deixar de fumar deve ser sempre uma prioridade.

Porque se aumenta de peso?
A nicotina, além de acelerar um pouco o metabolismo, também suprime o apetite. Quando se está a trabalhar e não se tem muito tempo para parar, é (ou era) aparentemente mais fácil pegar num cigarro e continuar o trabalho do que interromper o trabalho para comer.

Quando se deixa de fumar, comer poderá ser o único escape para colmatar a falta do cigarro. Quando se deixa de fumar, o paladar melhora e os alimentos tornam-se mais apetecíveis. Quando se deixa de fumar o metabolismo diminui o que significa que, mesmo que comamos o mesmo de anteriormente, podemos começar a engordar lentamente. Mas se comermos mais, esse aumento poderá ser muito rápido.

É bom fazer dieta para perda de peso em simultâneo?
Depende da situação.

Muitas vezes, pessoas que já tinham excesso de peso ou mesmo obesidade antes de deixarem de fumar decidem, na altura em que o fazem, iniciar um regime de emagrecimento. É claro que as pessoas são todas diferentes mas o fator "dieta" é para estas pessoas mais um fator de ansiedade o que, a juntar à abstinência do tabaco, pode não dar muito bons resultados em termos psíquicos e emocionais.

Se for alguém normoponderal, o aumento da atividade diária como caminhar 30 minutos por dia poderá ser suficiente para compensar o decréscimo de calorias provocado pela ausência de nicotina. Ou então seguir um plano alimentar semelhante ao que fazia anteriormente com uma ligeira diminuição calórica.

Se for uma pessoa cujo excesso de peso resultou de uma acumulação lenta ao longo dos anos por erros alimentares repetidos, o que significa que não será necessariamente um comedor compulsivo, poder-se-á fazer, em simultâneo, um plano de emagrecimento para perda ligeira de peso.

Fundamental, em qualquer dos casos, é avaliar e ponderar a situação individual para que o processo de deixar de fumar não se venha a revelar prejudicial, quer ao nível físico quer ao nível emocional.

Algumas dicas para substituir o cigarro sem engordar
• Comer de três em três horas seguindo um plano de calorias adequado ao seu peso;

• Fazer 30 minutos de atividade física ao ar livre, cinco dias por semana; queima calorias e ajuda a relaxar;

• Quando sentir necessidade de substituir o cigarro, mastigue uma pastilha elástica ou um rebuçado sem açúcar;

• Sempre que tiver vontade de comer, escolha alimentos pouco calóricos e que obriguem a mastigar, como fruta ou cenoura crua, ou pipocas com muito pouca gordura e açúcar.

Para muitas pessoas, deixar de fumar constitui uma excelente oportunidade para mudar de hábitos e adquirir um estilo de vida mais saudável. Mas isso não significa passar a comer apenas saladas ou peixe cozido com batatas. É bom lembrar que as saladas quando são "carregadas" de azeite para temperar também não ajudam a emagrecer...

Obsessão por músculos: vigorexia


Harrison G. Pope, Jr, da Faculdade de Medicina de Harvard - Massachusetts realizou estudos em três países sobre a imagem que os homens teriam deles próprios, sobre a imagem que achariam ideal para si e sobre a imagem que acreditam que as mulheres preferem. Os resultados mostram que a escolha do corpo ideal foi em média de, aproximadamente, 13 quilos a mais de massa muscular do que eles tinham. Também estimaram que as mulheres preferiam um corpo masculino com aproximadamente 14 quilos de massa muscular a mais do que eles efetivamente possuíam. Num estudo-piloto paralelo, entretanto, o autor constatou que as mulheres preferiam, de facto, um corpo masculino comum e sem os músculos adicionais que os homens pensavam ser necessários. Como conclusão, Pope atestou a grande discrepância entre o estado real e o ideal muscular dos homens.

Muitos jovens (e também adultos), vivem como que obcecados por treinos de musculação a que, aos poucos, vão associando produtos para o desenvolvimento dos músculos. Tal prática acarreta muitos perigos para a saúde, em vez de, como poderão afirmar os praticantes dessa modalidade, contribuir para um corpo mais são.

O psiquiatra americano Harrisom G. Pope foi o primeiro a usar o termo Vigorexia ou Síndrome de Adónis. A vigorexia é uma perturbação emocional caracterizada pela obsessão em ser musculado, sendo mais comum no sexo masculino. O seu início é, geralmente, coincidente com o final da adolescência, período em que a insatisfação com o corpo é típica e os ditames da cultura têm um grande peso.

Apesar de os portadores deste transtorno serem bastante musculados, percecionam o seu corpo de uma forma distorcida, considerando-se magros. A preocupação com o aumento da massa muscular torna-se o centro da sua existência, sendo por isso quase compelidos a frequentar o ginásio durante um elevado número de horas e a ingerir substâncias que potenciam o aumento da massa muscular.

Não é por acaso que anorexia rima com vigorexia; efetivamente as duas doenças tem aspetos comuns. Em ambas está presente a preocupação exagerada com o próprio corpo e a distorção da imagem que os pacientes têm de si mesmos: os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, ao passo que os vigoréxicos nunca se consideram suficientemente musculosos. Para além destas, existem outras características comuns, tais como: baixa autoestima, personalidade introvertida, alterações ao nível do comportamento alimentar e tendência para a automedicação.

Associadas a esta perturbação, também designada como overtraining, manifestam-se várias consequências, nomeadamente reações típicas das situações de stress, tais como: insónia, falta de apetite, irritabilidade, cansaço permanente, desinteresse sexual e dificuldade de concentração. A vigorexia causa também problemas físicos e estéticos, tais como desproporção displástica, problemas ósseos e articulares, falta de agilidade, entre outros. Os problemas de ordem física são ainda maiores sempre que a obsessão por "melhores resultados" leva ao consumo de esteroides e anabolizantes. O consumo deste tipo de substâncias conduz ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão para o cancro da próstata.

Segundo estudos realizados, embora a vigorexia seja potenciada pelos padrões culturais vigentes, constatam-se desequilíbrios ao nível dos neurotransmissores, mais concretamente da serotonina. Por este motivo, no tratamento desta patologia pode recorrer-se a fármacos. A este tipo de tratamento é fundamental associar a psicoterapia para a que estes indivíduos recuperem a sua autoestima e superem o medo do fracasso social.